Hoje acordei e tinha um e-mail da minha amiga Maíra, que não vejo há tempos que bastam, me sugerindo esse texto aqui. É um depoimento do Irlam Rocha, do Correio Braziliense sobre o Cazuza, "o garoto que não gostava de guetos", como diz o Irlam. O e-mail da Mah era assim:
"sei lá
bejos
Maíra Brito"
Foi um e-mail bom de começar o dia. Não é a primeira vez que alguém me associa à imagem-modelo do exagerado. Daí resolvi publicar aqui uma parte do e-mail que mandei de volta:
"Mah,
O Cazuza parece que abriu alas para uma geração de garotos como eu. Esses meninos magricelas, cheios de grito e de vontade, inclusive a vontade por outros meninos. Mas, particularmente, ele sempre mexou muito comigo. Quando eu era criança, lá no Amapá, lembro de passar uma tarde de sábado com a minha mãe me ensinando a cantar as músicas dele. Eu nunca tinha visto uma imagem sequer da figura, mas senti esse arrepio que a gente sente com as letras. Acho que a gente sente isso com tudo que é muito honesto, muito verdadeiro.
Mais tarde, quando eu tinha treze anos, minha irmã teve um sonho louco que até hoje me intriga, sonhou comigo num hospital, morrendo do mesmo jeito que ele. Não sei se o sonho veio da mesma comparação que você fez, se era um terror que rondava a imagem que ela tinha dos homossexuais ou se aquele era um futuro possível. Prefiro pensar na primeira opção. Acho que o Cazuza fez algo mais por nós, essa geração de meninos magros. Ele nos contou, antes que pudéssemos experimentar, que somos mortais. Que esse grito precisa de dose, que pode ter mais um dia para nascer feliz.
Acho que somos todos uma reencarnação dele, às vezes. Andando por aí com nosso grito à tiracolo. Vivendo na ponta do coração."
Sempre que escuto alguém falando "Quero viver minha juventude" ou algo do tipo, penso: Bom, fique à vontade, mas eu quero viver minha vida toda. E quero que ela seja ótima. Deve ser um otimismo ingênuo e piegas, mas já que esse é o meu Show, então faz parte.
O Cazuza parece que abriu alas para uma geração de garotos como eu. Esses meninos magricelas, cheios de grito e de vontade, inclusive a vontade por outros meninos. Mas, particularmente, ele sempre mexou muito comigo. Quando eu era criança, lá no Amapá, lembro de passar uma tarde de sábado com a minha mãe me ensinando a cantar as músicas dele. Eu nunca tinha visto uma imagem sequer da figura, mas senti esse arrepio que a gente sente com as letras. Acho que a gente sente isso com tudo que é muito honesto, muito verdadeiro.
Mais tarde, quando eu tinha treze anos, minha irmã teve um sonho louco que até hoje me intriga, sonhou comigo num hospital, morrendo do mesmo jeito que ele. Não sei se o sonho veio da mesma comparação que você fez, se era um terror que rondava a imagem que ela tinha dos homossexuais ou se aquele era um futuro possível. Prefiro pensar na primeira opção. Acho que o Cazuza fez algo mais por nós, essa geração de meninos magros. Ele nos contou, antes que pudéssemos experimentar, que somos mortais. Que esse grito precisa de dose, que pode ter mais um dia para nascer feliz.
Acho que somos todos uma reencarnação dele, às vezes. Andando por aí com nosso grito à tiracolo. Vivendo na ponta do coração."
Sempre que escuto alguém falando "Quero viver minha juventude" ou algo do tipo, penso: Bom, fique à vontade, mas eu quero viver minha vida toda. E quero que ela seja ótima. Deve ser um otimismo ingênuo e piegas, mas já que esse é o meu Show, então faz parte.
Para finalizar, a tréplica da Maíra: "A morte do Cazuza deixou o recado: enlouqueça, mas permaneça". E é isso mesmo.
2 comentários:
me arrepiou o corpo todo lendo esse post.
vamos permanecer, longe, perto, com a internet ou com escritos à punho.
ainda bem que você existe.
Muito legal teu texto. Fiquei emocionado!
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