Como eu queria ser Sofia Coppola. E filmar tudo com a delicadeza necessária para que a felicidade pudesse ser mostrada com a fragilidade que tinha em cada momento dessas lembranças que me assaltam na madrugada. Acho que registrar é uma forma de abrir mão de memórias que nos assombram. Fixá-las numa forma e lhes dar adeus.
Numa entrevista, perguntei a escritora Elvira Vigna, que usa confessadamente do material biográfico nas obras, como ela sabia que momento da vida merecia virar literatura. Ela me respondeu: "Primeiro: não há escolha. Segundo: Não merece. Aquilo que você escreve não merece. Não é merecer. É obsessão. É ser perseguido."
O que podia ter sido é do que a gente precisa se libertar. E eu quero acreditar que há uma chance na literatura ou na arte. Mas Elvira contou, em segredo, que um personagem ainda a perseguia. Mesmo depois de ter sido escrito em um livro, de ter virado catarse, ele voltava. E ela ainda o via pelas ruas.
"Estou fodida", declarou.
Um comentário:
Sabe, uma amiga um dia me disse que haviam textos que a atormentavam para serem escritos.
Talvez, seja um pouco disso...de ser atormentado para escrever
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