A psicanálise não conserta sua vida. Ela simplesmente tira a maquiagem que você tinha passado por cima daquilo que estava quebrado. Ela só te revela a extensão da bagunça.
Não é uma coisa mística, sabe? Não é uma coisa surreal, que precisa de um pêndulo, balançando de um lado para o outro, te fazendo entrar no subconsciente ou sei lá o que.
É algo muito simples. É uma coisa de prestar atenção no que você fala. É coisa do tipo "Meu celular tá cortado". "Por quê?" "Porque não paguei a conta" "Umm...". É idiota.
É simples e burro assim. Mas se você puder transferir essa simplicidade para todas as coisas, acaba percebendo o que está por trás da bagunça. Os pactos secretos que fez. As dívidas que contrai sem perceber. Dívidas materiais. E dívidas simbólicas. E toda a culpa. Porque a culpa cristã não é menos do que uma dívida que nunca vai poder ser paga. E, no meio de tudo isso, muito bem escondida, essa criaturinha maluca e bizarra que não se planeja para pagar uma conta.
Essa criaturinha que fala coisas como "Quero ir embora daqui, essa cidade já deu o que tinha que dar". E acaba ouvindo algo como: "E você já terminou a pilhagem?", como se fosse um soco no estômago. Porque quando se evita crescer é isso o que viramos. Umas criaturinhas maníacas, bizarramente egoístas. Que acham que merecem receber e receber e receber, quando deviam estar oferecendo. Não, a psicanálise não conserta sua vida. Lacan não te faz alguém melhor. Lacan ri de você. E te manda embora antes que você possa esquecer o que acabou de dizer, antes que esqueça o som dos seus absurdos. Lacan ri, lá do seu túmulo, ele ri de toda a maquiagem que você coloca e suspira com as suas justificativas.
Porque ele te faz ouvir o que você mesmo fala. E, quanto mais você escuta, mais trabalho você percebe que vai ter para dizer alguma outra coisa. Alguma coisa menos absurda. E quanto mais trabalho você tem, ironicamente, mais você acaba gostando. Não exatamente de si - e agora você sabe do perigo por trás disso -, mas do trabalho. Do trampo que dá. E você preferiria dormir, verdade seja dita. Mas não vai. Porque a psicanálise não conserta sua vida. Você conserta.
Não é uma coisa mística, sabe? Não é uma coisa surreal, que precisa de um pêndulo, balançando de um lado para o outro, te fazendo entrar no subconsciente ou sei lá o que.
É algo muito simples. É uma coisa de prestar atenção no que você fala. É coisa do tipo "Meu celular tá cortado". "Por quê?" "Porque não paguei a conta" "Umm...". É idiota.
É simples e burro assim. Mas se você puder transferir essa simplicidade para todas as coisas, acaba percebendo o que está por trás da bagunça. Os pactos secretos que fez. As dívidas que contrai sem perceber. Dívidas materiais. E dívidas simbólicas. E toda a culpa. Porque a culpa cristã não é menos do que uma dívida que nunca vai poder ser paga. E, no meio de tudo isso, muito bem escondida, essa criaturinha maluca e bizarra que não se planeja para pagar uma conta.
Essa criaturinha que fala coisas como "Quero ir embora daqui, essa cidade já deu o que tinha que dar". E acaba ouvindo algo como: "E você já terminou a pilhagem?", como se fosse um soco no estômago. Porque quando se evita crescer é isso o que viramos. Umas criaturinhas maníacas, bizarramente egoístas. Que acham que merecem receber e receber e receber, quando deviam estar oferecendo. Não, a psicanálise não conserta sua vida. Lacan não te faz alguém melhor. Lacan ri de você. E te manda embora antes que você possa esquecer o que acabou de dizer, antes que esqueça o som dos seus absurdos. Lacan ri, lá do seu túmulo, ele ri de toda a maquiagem que você coloca e suspira com as suas justificativas.
Porque ele te faz ouvir o que você mesmo fala. E, quanto mais você escuta, mais trabalho você percebe que vai ter para dizer alguma outra coisa. Alguma coisa menos absurda. E quanto mais trabalho você tem, ironicamente, mais você acaba gostando. Não exatamente de si - e agora você sabe do perigo por trás disso -, mas do trabalho. Do trampo que dá. E você preferiria dormir, verdade seja dita. Mas não vai. Porque a psicanálise não conserta sua vida. Você conserta.
Um comentário:
Todos nós precisamos de um divã. Todos nós.
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