Estou
de volta àquele cais. Estou de volta aos iates e veleiros, estou de volta ao
início da Bahia de Dorian, estou de volta à praia, ao mar, às reminiscências. O
tempo não passa na memória, mas as memórias passam, embora não as vejamos
passar. Não lembro de tudo. Não lembro do gosto dos lábios de J. naquele primeiro
beijo que ele me roubou, não lembro do que ele disse entre risos, não lembro da
minha negativa, não lembro do poema que recitei, não lembro do que lembrava na
hora, não lembro de lembrar de M., não lembro de não chorar, não lembro de
tudo. Este cais não é o cais de M. Este óleo das águas deste cais, estas velas,
não foram parte das expedições de M. M. desprezava minhas lembranças. M. que
possuía o mar e agora possui a selva de pedra, enquanto eu só possuía o
deserto. M e eu. J. entre nós. E o cais e o mar e o gelo.
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