‘Me encontra em La Paz, no dia 5, em fevereiro’, eu disparei, sério como um menino. Feliz de saber que ele entristeceria quando eu partisse, que talvez fosse uma tristeza de me aguardar. E ele disse sim. 'Sim, é claro'. Mas então riu. E quando riu me roubou até o prazer de saber que ele gostaria de me iludir. Roubou aquela doçura. Agora eu viajaria sem imaginar que ele iria ao meu encontro se pudesse. E você pode me dizer que isso não faria qualquer diferença porque, afinal, ele não podia. Mas faria sim. Faz. Ilusões assim protegem o amor nas distâncias. Acolchoam o amor. No aeroporto eu soube que não voltaria mais. Se você é alguém como eu, que faz do amor a sua casa, acaba aprendendo a ter malas permanentemente prontas. E desaparecer vira um hábito. Ou uma vocação.
Ainda nesse esquema de não deixar meus personagens morrerem, estou trazendo para o blog alguns ecos de vozes que já surgiram e nunca mais disseram nada. Tudo o que sei sobre Camilo é que ele foi para La Paz e provavelmente sentou em alguma praça no dia 5 de fevereiro, acendeu um cigarro e imaginou como seria sua vida se tivesse feito um convite para alguém que o aceitasse. Ele está desaparecido desde então.
Um comentário:
Melhor não fazer casa em lugar nenhum, nem no amor, nem na dor, nem na terra e carne. Melhor ser livre de sentimentos.
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