segunda-feira, 5 de julho de 2010

Não aceito Jabás

Outro dia estava relembrando com uma prima um episódio da infância. Num famigerado natal, a família reunida, primos de outros primos, aquela farofa toda. Um menino com quem eu não me dava muito trouxera um brinquedo novo, causando alvoroço e frisson na meninada. Ele era a esse tempo um caçula um pouco apagado, me contou minha prima, ofuscado pelas atenções que a irmã mais velha recebia sempre. Era o momento dele de brilhar. O brinquedo era alguma coisa robótica que devia disparar raios gama e fabricar sorvetes enquanto se transformava numa espaçonave. Enfim, muito legal. E todos aguardavam sua vez para mexer na geringonça, até que surgiu o assunto polêmico. Bom, não era bem uma polêmica. O menino, dono do transformer ou sei-lá-o-quê, só estava comentando como Papai Noel tinha deixado a coisa ao pé da sua cama. Não era uma polêmica, até eu começar a polemizar a situação.


Antes mesmo deu explicitar meus argumentos sobre como a Coca-Cola havia inventado o velhote para tirar uma grana dos bobocas no natal (teoria muito popular no colégio público já nessa época e o pobre do menino era de escola particular); enquanto eu contava como minha mãe achava absurdo trabalhar para comprar meu presente e um ser barrigudo do pólo norte levar os créditos entrando por uma chaminé inexistente (nós éramos do Amapá, pelo amor de deus), fui, é claro, proibido de sequer chegar perto do treco luminoso. A menos que, e aqui é possível perceber o sadismo das crianças, estivesse disposto a rever meus conceitos.


Não guardo nenhuma imagem do que era aquela porcaria. Mas aprendi uma lição importante: prefiro defender meu ponto de vista a brincar com o pirocóptero alheio. Claro que esse posicionamento definiu bem minha popularidade entre primos e colegas na escola (0%).

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