sexta-feira, 25 de março de 2011

Envelopinhos de papel

Quando eu era bem criança, bem menino, nem lembro que idade tinha, mas era pequeno, passei uma noite cortando jornais. Peguei cola e fui cortando os jornais em retângulos. Eu tinha aprendido a fazer envelopes, aí peguei esse monte de jornais e fui recortando, dobrando e colando até virarem um monte de envelopinhos feitos com as notícias e lembro que fiquei achando isso super bonito envelopes de notícias e depois não sabia o que ia fazer com tudo aquilo, porque não sabia por que tinha feito só tinha aprendido a fazer envelopes e queria fazer de novo, até cansar. Aí os levei para a escola no dia seguinte e dei para as pessoas, meus colegas de turma, todos eles, os envelopes de notícias e eles foram recebendo aquilo meio estranhando e abriam os envelopes e não viam nada dentro e, aos poucos, foram ficando furiosos. Porque não tinha nada dentro dos envelopes e jogavam no chão e me perguntavam gritando porque eu tinha dado aquilo e eu não sabia responder. Eu dei porque eram envelopes e me parecia lógico que envelopes fossem coisas de entregar. Não cheguei a pensar que algo tinha que estar dentro desses envelopes. Até hoje essa imagem vem na minha cabeça quando escrevo. Eu me pergunto "por que estou dando essas palavras?" meio receoso da fúria que ocasiona de entregar a alguém alguma coisa que para esse alguém não tem sentido.

Eu não sei qual é a resposta.

4 comentários:

Thaís Figueiredo disse...

Eu também não sei qual é a resposta, Ronan. Mas de uma coisa eu sei: minha vida não faria muito sentido sem essa pergunta =)

Gustavo Paiva disse...

Queria não saber a resposta de muitas coisas da vida.

Anônimo disse...

Porque agora, ao invés de usar jornal como envelopes vazios, você usa palavras como envelopes de idéias.

sibellle disse...

O gosto de incompreensão é o mesmo, até quando a palavra é dita ( eu diria, especialmente quando é dita porque necessita de uma resposta imediata. Se não sei, como continuar?).