domingo, 30 de junho de 2013

Crônica da Pólvora VII


Estou de volta àquele cais. Estou de volta aos iates e veleiros, estou de volta ao início da Bahia de Dorian, estou de volta à praia, ao mar, às reminiscências. O tempo não passa na memória, mas as memórias passam, embora não as vejamos passar. Não lembro de tudo. Não lembro do gosto dos lábios de J. naquele primeiro beijo que ele me roubou, não lembro do que ele disse entre risos, não lembro da minha negativa, não lembro do poema que recitei, não lembro do que lembrava na hora, não lembro de lembrar de M., não lembro de não chorar, não lembro de tudo. Este cais não é o cais de M. Este óleo das águas deste cais, estas velas, não foram parte das expedições de M. M. desprezava minhas lembranças. M. que possuía o mar e agora possui a selva de pedra, enquanto eu só possuía o deserto. M e eu. J. entre nós. E o cais e o mar e o gelo.

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