segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Bordado


I 
 Isso que o nome não diz
que nos afeta -
duvida da língua - diz dobrado
responde a mim – esse sarcasmo
Apropria esse gesto.
Três dedos sobre a boca. A
nenhum lugar que tenha ido
as palavras estão.
Que é o que nos afeta,
funda o passado
quando não disse
Olhares perdidos
no cruzamento, escuta,
desfaz essa hierarquia violenta
que nos une no silêncio
Fala. A herança era dívida.
Teu direito uma obrigação.
Não te ajudaram, não te avisaram.
Conta.
Não sobrou. Não tinha.
Não veio. Não chegou,
não anda, não solta, não foi.
Não disse.
Desdenha a mensagem do pai.
Rejeita a origem, não olha no espelho.
Não envelhece. Nunca. Corre, frui. Goza.
Agora grita. Veste a angústia no grito.
Envolve o terror na seda do grito. 
Enoda no estômago,
desenlaça no grosso.
Engole. Engasta.
Entope. Ensurda.
Não ama. Corta.
II 
 Isso que volta, titubeia de volta
quer um sentido qualquer
que nos diga
Mais humilde, mais à moda da casa
Que quer dizer
Também não ama.
Vai e retorna.
Diz pior. Melhora.
Já não grita
- quase.
não conta o nome.
Finge que obedece, engatinha
troca a roupa toda.
Nenhuma serve.

III 
 Desde já agora era.
É para trás que se avança.
Quando então.