sábado, 1 de janeiro de 2011

Mais um ponto - 2011


Tem sido difícil manter o blog, afinal. O último post foi de um conto que me surgiu a partir de uma frase tensionando ser irônica e acabou se revelando bastante triste (o que não é incomum às ironias):

E jamais, em anos de convívio, qualquer um dos dois bateu na porta ao lado. Ambos educados demais para invadir a mútua solidão.

Ele terminaria assim e pronto. Como terminaram muitas crônicas ao longo dos anos e dos blogs que já tive. Sem que os personagens pudessem crescer, tomar ar e se desenvolver. Fico me perguntando quantas figuras já matei antes que pudessem viver uma aventura propriamente dita. (Assisti Stranger than Fiction de novo e me suscitou a paranóia). Não sei se é uma patológica falta de imaginação ou questão de estilo, mas me viciei em janelas. Em olhar por janelas uma pequena cena da vida e narrar como se fosse tudo o que houvesse; uma foto ao invés de literatura.

E aí me bateu essa ideia disparatada: Por que? Por que ficar com uma janela ao invés de construir a casa? Por que deixar os dois sem nome, o primeiro e o segundo, e por que deixá-los sem amor por não poder imaginar algo substancial o bastante para que o amor, ora, para que o amor tivesse uma chance? Por que ficar com a constância estética da tristeza?

Não. Já é a hora do erro, do novo, do ir até o final. Pode ser uma grande peça de ficção. Pode ser ridículo.

Mas pareceu... apropriado.


Feliz 2011

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